BIOGRAFIA DA RÁDIO COMUNITÁRIA SALOMÉ 105,9 FM – SÃO SEBASTIÃO, ALAGOAS
A Rádio Comunitária Salomé FM, frequência 105,9 MHz, mantida pela Organização Não-Governamental De Olho em São Sebastião, é muito mais do que uma emissora de rádio; é um marco histórico, cultural e social na comunicação popular de Alagoas.
Desde suas origens como uma "caixa de som ambulante" em 1993, a Salomé FM carrega no sangue de sua história a luta pela democratização da comunicação e da informação, bem como a defesa dos direitos humanos.
AS ORIGENS: A "CAIXA DE SOM" QUE CAMINHAVA
Antes de se tornar uma transmissora de espectro eletromagnético, a rádio operava de forma itinerante. Uma simples caixa de som amplificada percorreu as ruas de São Sebastião, sendo carregada literalmente nos braços pela equipe de militantes liderada por Paulo Bomfim, visionário e defensor incansável da comunicação comunitária.
Paulo é bacharel em Direito e era funcionário público, pois, atualmente, está aposentado, fundador da ONG de Olho em São Sebastião e referência em movimentos sociais no Estado.
Desde jovem, trouxe em sua trajetória o sonho de construir uma mídia popular que pudesse ecoar a voz do povo e trazer informações para uma população de São Sebastião, que não tinha nenhum meio de comunicação para apresentar suas reclamações, reivindicações e sugestões.
Foi e participou do 1º Congresso da Abraço Brasil, em São Paulo, onde descobriu o potencial das rádios comunitárias e conheceu a Apel, uma empresa de Campina Grande (PB) que fornecia equipamentos acessíveis para transmissão de rádios comunitárias.
Em 1997, com recursos próprios oriundos de férias e de 13º salário, Paulo adquiriu os equipamentos necessários e preparou o local para a instalação da Salomé FM.
No dia 19 de maio de 1998, os funcionários da Apel chegaram a São Sebastião e transformaram a "caixa de som" em uma verdadeira rádio comunitária de espectro eletromagnético.
A VOZ DAS MULHERES: PIONEIRISMO E EMPODERAMENTO EM 1993
Desde suas primeiras transmissões em 1993, a Salomé FM destacou-se como um instrumento de empoderamento feminino. Comunicadoras populares como Quitéria, Márcia, Cledja, Daniela, Ana Lúcia e Solange lideraram programas que exaltavam a força das mulheres da comunidade, incentivando o diálogo e a participação ativa nas questões culturais e sociais.
Essa iniciativa foi um marco na história local, contribuindo para o fortalecimento das vozes femininas em uma época de muitos desafios.
A IDENTIDADE COMUNITÁRIA E CULTURAL
O nome Salomé é uma homenagem ao centenário povoado de mesmo nome, que integra a rica história territorial de Alagoas. Desde sua inauguração, a rádio se consolidou como um espaço de resistência, representação e transformação.
A programação diversificada e inteiramente gerida por comunicadores populares é composta por programas voltados à cultura local, educação, religiosidade e informação para toda a população.
A rádio é reconhecida por iniciativas como os programas de vaquejada e de repente, que promovem a rica tradição nordestina e dão voz aos fazedores de cultura da região.
Esse compromisso com a identidade cultural fortalece a relevância da Salomé FM ao longo das décadas.
Nomes como Jota Silva e Jota Santos, artistas populares, além de Padre Murilo e André Bomfim, são destaques nessa história.
Programas como o Programa dos Romeiros, voltado para a tradição religiosa, e atividades como a Banca da Leitura na feira de São Sebastião fortalecem o compromisso da rádio comunitária com a população.
TRANSFORMAÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DA COMUNICAÇÃO
Ao longo de sua existência, a Salomé FM se destacou como uma plataforma para as juventudes, pessoas idosas, artistas, pessoas com deficiência, e demais fazedores de culturas locais.
Sua ampla cobertura atinge o Município São Sebastião, inclusive fazendo a defesa de povos indígenas Karapotó, que residem na aldeia Karapotó Plak-ô, habitada pela população indígena Karapotó, cujo cacique é o Peba, e no histórico povoado Terra Nova, atualmente uma comunidade mista, pois ainda não demarcada, e formada por indígenas Karapotó Terra Nova, cuja cacica é a Nena, e juntos frequentam o Ouricuri para a prática de seus rituais, e não indígenas.
A rádio comunitária é grande divulgadora da tradição cultural local, tem dado ampla visibilidade à renda de bilro, um símbolo de São Sebastião, a “Terra das Rendas do Bilro”.
Essa arte tradicional continua muito viva, graças ao também ao trabalho de valorização cultural que a rádio sempre divulga e realiza.
Durante anos, jovens tiveram seus primeiros contatos com a comunicação popular através da rádio comunitária, consolidando-a como um instrumento transformador e inclusivo.
PRESENÇA NACIONAL E ARTICULAÇÃO POLÍTICA
Ao longo de sua trajetória, Paulo Bomfim e demais comunicadores, como Manoel Avelino, Professor Reinaldo, falecido, e o reconhecido artista Mesbla Kaldas representaram e representam a RadCom Salomé FM em diversos eventos e encontros nacionais, como congressos de comunicação, audiências públicas e ações legislativas em Brasília, conferências sobre políticas públicas, campanhas de vacinação etc., sempre lutando pela democratização da comunicação e da informação comunitárias.
A rádio comunitária também é filiada e parte ativa da Associação Brasileira das Rádios Comunitárias (Abraço Brasil), reforçando a sua atuação como referência nacional na comunicação popular e na divulgação das políticas públicas.
MODERNIZAÇÃO E EXPANSÃO DIGITAL
Atualmente, além da transmissão tradicional, a rádio comunitária Salomé FM também está presente em plataformas digitais, um grande benefício à população ao seu alcance, e adaptando-se às novas demandas tecnológicas, sem perder a sua essência comunitária.
Desde 2018, quem está à frente da emissora, na sua Presidência e também na coordenação de programação, cultura e em suas demais ações é o dinâmico comunicador comunitário Claudivan Moreira.
No dia a dia, Claudivan luta com grandes esforços para fortalecer a missão da rádio e ampliar o impacto dela na comunidade.
LEGADO E REFERÊNCIA
A história da Salomé FM também reflete os desafios e os avanços da comunicação comunitária em Alagoas e no Brasil.
Em 1998, com a aprovação da Lei nº 9.612, o Governo Federal regulamentou as rádios comunitárias, reconhecendo oficialmente sua importância.
Antes dessa lei, atuar nesse segmento era um ato de coragem e resistência, que enfrentava desafios legais e técnicos, época em que muitas pessoas fazedoras de cultura e de rádio foram processadas.
A Rádio Comunitária Salomé, ao iniciar suas atividades, lá no distante ano de 1993, se consolidou como uma das precursoras em Alagoas, fortalecendo o debate sobre democratização da comunicação e da informação, considerando-se inclusive o reconhecimento formal pelo Ministério das Comunicações e a outorga pelo Congresso Nacional.
Com sua trajetória, a RadCom Salomé FM não só fomentou, implementou e efetivou a comunicação comunitária em São Sebastião, mas também inspirou e abriu caminhos para outras iniciativas culturais e sociais em São Sebastião e no Estado, como a própria implantação de outras emissoras comunitárias.
Sua luta e resistência continuam sendo um exemplo de como o poder e a efetiva prática da comunicação comunitária podem impulsionar mudanças positivas e duradouras nas sociedades são-sebastiãoense, alagoana e brasileira.
ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL DE OLHO EM SÃO SEBASTIÃO
>ONGUE DE OLHO EM SÃO SEBASTIÃO<
Fundada em 19 de maio de 1993 - Estatuto registrado no Livro de Pessoas Jurídicas nº 36-A
Rua São Paulo, 47, Sala 03, Centro, CEP 57.275-000, São Sebastião, Alagoas, Brasil
Instituída de Utilidade Pública em 10-03-2006 pela Lei Municipal nº274-2006
Imeio: ongdeolhoss@bol.com.br – www.onguedeolho.blogspot.com
CNPJ nº03.299.083/0001-50 - FoneZap: (82)99985-1377
RÁDIO COMUNITÁRIA SALOMÉ FM, 105,9 MHz
FoneZap:(82)9.9985-1377 – (82)99821-2028 (Diretor Claudivan)
Imeio:salomefm@bol.com.br–Feicebuque:radioSalomefm@hotmail.com